Imprimam (quem quiser pode copiar) o texto e as atividades a seguir, respondam e colem no caderno.
O
texto que você vai ler foi retirado da revista Super Interessante, edição de
dezembro de 2007, da seção ‘COMPORTAMENTO’.
O texto ECO SIM, CHATO NÃO procura mostrar que qualquer um de nós pode adotar,
em seu cotidiano, atitudes mais responsáveis para proteger o planeta.
Eco sim. Chato não
Dez dicas para ser sustentável sem ser mala
João
Gordo não é o que se pode chamar de ativista bonzinho e politicamente correto.
Mas acredite: o apresentador mais desbocado do país está preocupado com o
futuro do planeta. Aos 43 anos, dois filhos, vegetariano desde 2005, João
constrói uma nova casa em São Paulo que é feita com madeira de demolição e terá
aquecedor solar e reservatório de água da chuva.Se reciclagem de lixo já é uma
atitude básica nas grandes cidades, ele vai além: na festa de aniversário de um
dos dois filhos, a lembrança que os convidados levaram para casa era feita de
garrafas pet reutilizadas. E as roupas que o pessoal em casa não usava mais
viraram capas de almofadas, feitas por sua mulher, Viviana Torrico. "É
muito legal: depois de velho, eu virei hippie", brinca ele.Como o punk
mais pop do Brasil mostra, não é preciso virar um ecochato e se mudar para uma
comunidade alternativa para adotar atitudes mais saudáveis para o planeta.A
ciência tem dicas de ações simples e surpreendentes para você gastar menos
energia, produzir menos lixo e emitir menos carbono na atmosfera. Veja 10
delas, a seguir.
1. USE MÓVEIS DE MADEIRA
Sim,
optar por móveis de madeira é uma atitude sustentável. Árvores, para crescer,
transformam o carbono da atmosfera em madeira. Por isso, cerca de metade do
peso da madeira é de átomos de carbono - os mesmos que poderiam estar no ar
causando o efeito estufa."O móvel de madeira mantém o carbono que iria
para a atmosfera aprisionado por muito tempo, podendo ser usado por muitas
gerações. Isso não acontece com os plásticos e o aço", diz o pesquisador
Márcio Nahuz, do Centro Tecnológico de Recursos Florestais do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT).A quantidade de carbono que o seu guarda-roupa
aprisiona depende do tipo de árvore e da densidade da madeira de que ele é
feito. Prefira os móveis de pinus, eucalipto e paricá e evite as espécies
escassas como pau-brasil, mogno, imbuia e jacarandá-paulista.E, claro, escolha
madeira com certificação do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil
), que garante a procedência de árvores plantadas e derrubadas de maneira
planejada. Outra vantagem é que a madeira é um lixo muito mais tolerável para o
ambiente que outros materiais. "A madeira se decompõe e, assim, não cria
um Frankenstein na natureza", diz Nahuz. Plásticos, outros derivados de
petróleo e demais materiais precisam de um processo de reciclagem (quando há)
que pode consumir energia - e liberar mais carbono na atmosfera.
2. EVITE PLÁSTICO E VIDRO
No
supermercado surge a dúvida: serei um cidadão mais sustentável se levar a
bebida na embalagem de alumínio, de vidro ou de pet? O senso comum apostaria na
latinha, já que ela é quase totalmente reciclada no Brasil. Alguém poderia
contra-argumentar que ela gasta energia demais: a indústria do alumínio consome
6% da eletricidade do Brasil. Já a ciência diz que, se a intenção é só avaliar
a forma mais ecológica de beber refrigerante ou cerveja, siga o senso comum. Esse
é o conselho da engenheira química Renata Valt, autora do livro Ciclo de Vida
de Embalagens para Bebidas no Brasil. Segundo ela, a lata leva vantagem hoje no
Brasil justamente pelo alto índice de reciclagem (96% em 2005) frente ao vidro
(45%) e ao pet (47%).Renata comparou a produção de 1.000 litros de refrigerante
para cada embalagem, somou a porcentagem de reciclagem e de matéria-prima e
concluiu: o alumínio é o que menos consome energia, água e recursos naturais,
tem a menor emissão de poluentes e gera menos resíduos sólidos.
3. TOME BANHO PELA MANHÃ
A
dica é velha: evite consumir energia elétrica no horário de pico. Mas está mais
atual do que nunca. A limitação das usinas e a escassez de água, motor
propulsor das hidrelétricas, deixam sempre possível haver um apagão. O Brasil
produz, normalmente, 75 mil megawatts de energia elétrica. A quantidade é
suficiente para o consumo habitual, mas não para os picos - momentos como o
intervalo do futebol, quando milhões de brasileiros abrem a geladeira para
pegar uma cerveja, ou às 19h30, quando a maioria liga o chuveiro. Quando as 158
hidrelétricas não dão conta da demanda, o país é obrigado a acionar as usinas
termoelétricas, que usam como combustível gás natural, carvão, xisto ou óleo
diesel e lançam muito mais dióxido de carbono na atmosfera.Com todos os tipos
de usinas ligados, a capacidade de fornecimento sobe para 100 mil megawatts. Já
que é impossível armazenar energia em grande quantidade, qualquer consumo
superior a isso obrigaria à construção de mais usinas e linhas de transmissão.
4. PAGUE SUAS CONTAS ONLINE
Aqueles
papéis bancários que você recebe toda vez que paga suas contas significam mais
emissões de poluentes, gás metano nos lixões e água desperdiçada. Essa é a
conclusão de um relatório da empresa de consultoria americana Javelin Strategy
and Research sobre o que representam os extratos, comprovantes de pagamento e
cheques nos EUA. Segundo o estudo, lançado em junho, se todos os americanos
abolissem o papel de suas transações bancárias, 2,3 milhões de toneladas de
madeira seriam poupadas por ano - ou cerca de 16 milhões de árvores. Ok,
consumo de madeira não é ruim para o aquecimento global, já que madeira e papel
são pequenos depósitos de moléculas de carbono. O problema é que, para fazer
papel, é preciso muita energia e poluição. A produção dos comprovantes nos EUA
gasta a energia suficiente para abastecer, durante o ano inteiro, uma cidade do
porte de Campinas (SP). Se tanto papel não existisse, a emissão de carbono
também diminuiria, no equivalente a 355 mil carros a menos nas estradas
americanas. No Brasil, a maior empresa de bobinas do país abasteceu, em 2006, 4
grandes bancos com 6 mil toneladas de papéis para caixas eletrônicos.
5. PREFIRA ALIMENTOS LOCAIS
Comprar
alimentos produzidos na região próxima de onde você mora faz bem aos pulmões. O
segredo está na redução da distância: com caminhões rodando pouco, há menos
poluição. Além disso, o desperdício é muito menor - e as frutas não precisam
ser colhidas ainda verdes. De acordo com Celso Moretti, pesquisador da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil desperdiça no trajeto
do campo à mesa 14 milhões de toneladas de hortaliças, grãos e frutas por ano.
O transporte, que submete frutas a uma temperatura de 42 oC embaixo das lonas,
é o maior vilão do desperdício de alimentos. Alimentos de longe também aumentam
o aquecimento global. O pesquisador Márcio Nahuz e sua equipe do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas fizeram as contas do gás carbônico emitido por um
caminhão a diesel (Mercedes 1620, com 231 cavalos) no transporte de melões de
Mossoró, no Rio Grande do Norte, até a capital paulista (uma distância de 2.783
quilômetros).Considerando apenas o consumo de combustível, a carga teria
custado 1 570,95 quilos de dióxido de carbono a mais na atmosfera. Ou o trabalho
de 3 árvores adultas de 16 metros de altura e 0,28 metro de diâmetro no
seqüestro de carbono." O problema é que, para neutralizar as emissões da
viagem, esse motorista deveria ter plantado as árvores 20 anos antes", diz
Nahuz.
6. TOME ÁGUA DA TORNEIRA
Esqueça
a água mineral. A água que sai da torneira da maioria das cidades brasileiras é
potável - tratada para que você possa bebê-la numa boa. Gastar dinheiro com
água de garrafa é supérfluo e agressivo ao planeta.Além de mais cara, produz
milhões de garrafas como lixo e precisa ser transportada em caminhões
poluentes. Se não recicladas, as garrafas pet demoram 110 anos para se
degradar. Além disso, o processo para transformar resina em garrafas e o transporte
até a sua casa consomem combustível e geram poluição.Cada 1.000 garrafas de
meio litro de água gastam 600 kWh de energia, liberam 6 quilos de carbono e
geram 35 quilos de lixo no planeta. Por isso, várias cidades da Califórnia, nos
EUA, estão adotando leis para restringir a água mineral em empresas e
escolas."Do ponto de vista bacteriológico, a água da torneira é segura,
não precisa nem ser filtrada", diz Paulo Olzon, clínico geral da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Quem prefere ter mais segurança
e optar pela água mineral, deve evitar embalagens descartáveis."
EXERCÍCIOS
1.
O principal objetivo do texto ‘ECO SIM, CHATO NÃO’ é:
a)
aconselhar os leitores a assumir atitudes que contribuam para proteger o meio –
ambiente.
b)
argumentar que nem todos os ecologistas são chatos.
c)
relatar a experiência de João Gordo, para que sirva de exemplo para outras
pessoas.
d)
incentivar os leitores a usar móveis de madeira..
2.
As palavras e expressões negritadas nas frases abaixo são frequentemente usadas
quando o assunto é ecologia ou preservação ambiental. Que significado têm essas
palavras ou expressões no texto?
a)
“Dez dicas para ser sustentável sem
ser mala.”
b)
“João Gordo não é o que se pode chamar de um ativista bonzinho e politicamente correto.”
c)
“Como o punk mais pop do Brasil mostra, não é preciso virar um ecochato [...] para adotar
atitudes mais saudáveis para o planeta.”
3.
Considere o título do texto:
“Dez
dicas para ser sustentável sem ser mala.”
Explique
o significado do adjetivo ‘mata’ na frase acima. Tente explicar também seu
processo de formação.
4.
Por que o texto afirma que João Gordo “não é o que se pode chamar de um ativista bonzinho e
politicamente correto”?
5.
Por que o exemplo de João Gordo é citado no texto?